EU, UM POETA? VOCÊ TA BRINCANDO!

Perguntou-me alguém: “Por que és Poeta?” Eu, respondi, um Poeta? Você ta brincando! Se o fosse, Camões, Cervantes, Shakespeare, Goethe, Eliot, Baudelaire, Fernando Pessoa, Drummond, Patativa do Assaré, entre outros, seriam o quê? Não, a palavra Poeta não se aplica a qualquer um.

É o mesmo absurdo que muitos cometem ao chamarem ator de artista. Aquele, apenas representa e este é quem cria. Ou ainda usarem o signo bailarina tanto para uma “reboladeira de bunda”, como para uma Ana Botafogo. Mesmo com as crises semânticas atuais, com tantos cinismos, com tantas sem-vergonhices, Poeta, Artista e Bailarina carregam, sim, significações específicas.

Nem todo autor é Escritor, assim como nem toda produção literária é Literatura. De modo que, no meu caso, não passo de mero versejador. Sem dúvida, não me lanço num vazio conceitual. O que me leva a escrevinhar são os problemas da existência, em outros termos, escrevo porque me sinto radicalmente perplexo ante a vida. Se soubesse das coisas, confesso, não versejava. Viveria em puro estado de êxtase e transcendência inefável. Se as questões humanas mais elementares estivessem resolvidas, para que Arte ou exercícios em sua direção?

A Poesia existe porque estamos absolutamente perdidos, por isso ela incomoda, por isso ela provoca. Eu, um Poeta? Você ta brincando!