Dúvida: prazer ou intelecto?
Amanheci hoje com uma companheira de cama de nome "dúvida".
Percorriam agarimosos meus dedos o seu corpo macio, de branduras rotundas, de alegrias concentradas.
Mas o meu sentir cambaleava entre a intensa insegurança do prazer e a certeza de ser alumiado pela verdade...
Não sei se a escolha foi escolha livre ou se as circunstâncias me determinaram, dominantes, a mergulhar-me nas congostras ziguezagueantes do prazer obscuro até ao lôstrego do êxtase quase instantâneo.
Desde o poço prazenteiro enxergava, bretemosa, uma como verdade sem perfis, mas verdade ao fim e ao cabo: Não existia a companheira de cama; era eu, a minha fantasia, a traças evanescentes maciezas, branduras, alegrias... A verdade, amigas, é triste, tão triste que as pessoas nos extraviamos nos seus labirintos.