Dilema


Assim tudo começou:
Um amigo me procurou e intimou:
Tem um concurso de poesias do governo. Tem que mandar 30 poesias ate o final da semana. E nós vamos participar.
Mostrou-me o documento e eu comecei a rir. Poesias ...
Falei que não escrevia poesias. Tinha 2 textos parecidos com poesia,mas  nada.
Mas era um desafio. Fiz um blog e comecei a escrever.Lógico que não consegui escrever 30  poesias em uma semana.
Poesia tem que ter sentimento, alma, senão o leitor não vai gostar.
Vai muito do poeta numa poesia. Mesmo que não queira um pouco dele fica ali.Transparente.
Existem escritores poetas. Mas também existem somente escritores.Ou somente poetas.
Nem o poeta se entende. Como pode alguém querer entende-lo?
E continuei a escrever. O blog ficou pequeno,e lá fui eu pro Beco dos Poetas.Sem comentar com ninguém da realidade.Do Beco dos Poetas ao Recanto das Letras.
Entrava publicava os trabalhos (porque alguns tinham se perdido por problemas no computador, e tive que refazer).
Era somente um lugar seguro para guardá-los. Recebo emails de agradecimento por eles.Sempre.
Em um dia das mães resolvi fazer uma homenagem. Publiquei e mostrei.Foi o estopim.
Daqui ate Minas todo mundo ficou sabendo do Recanto das letras.
E logo vieram as cobranças. Editar isso,arrumar aquilo.Ter ética ao escrever.Respeito pelos leitores etc.
E como a lei em casa sempre foi: se vai fazer algo faça o melhor.
Fui registrar o nome. Com toda burocracia exigida.Fiz.
Eu nunca pensei em ter tantos textos falando de amor.
Nunca peço visitas nem comento em lugar nenhum. Não faço propaganda.O povo que faz.(falo de pessoas do dia a dia)
Não sou escritora. Falo de coisas da minha área.Gosto de alfabetizar,letrar.
Crio personagens para encantar minhas crianças e despertar a imaginação delas.
Tenho que alcançar a mente delas, prender a atenção, entrar no mundo delas.Ou pelo menos tentar. Para  que aprendam a gostar de ler.
Mas poesia é um vicio que escraviza. Então sigo rabiscando.
Quando levei uns versos para Portugal, comecei do zero. Em leituras.
E não é que o povo gostou (risos)
Já fui criticada, agredida, perseguida.
Mais e daí?Perdi foi o respeito que tinha por pessoas por quem tinha admiração.
Somente isso lamento. Sei que cada pessoa é diferente da outra.
Amo gente verdadeira. Não tenho nada contra quem usa muitos nomes para escrever seus textos.Somente não entendo.
Prefiro interagir com gente que se mostra ,que ouço a voz. Que posso um dia conhecer.
Sou apaixonada por ler, desde sempre. E percebi que estou me apaixonando por escrever do mesmo jeito.
O que começou por brincadeira já virou coisa séria. Até o nome tem registro.
Não perdi minha prioridade. Minhas crianças.Mas já me aventurei em muitos temas.
Não escrevo erotismo por opção. Crianças e adolescentes me lêem.Perguntam sobre os textos.
Não sou capaz de elogiar algo que não me agrada. E não sou critica para ficar atrás de defeitos em textos dos outros.Talvez porque me preocupo com a mensagem que está ali.                       Se fossem corrigir erros minhas crianças jamais tentariam escrever... sou uma aprendiz também.
Lembrei-me agora de um aluno da série inicial. Pedi um desenho. Mas o  desenho  tinha que ter estória(ele  não escreve  ainda).Ele  desenhou um arvore ,um menino .Entregou e eu perguntei a estória do desenho dele.Ele respondeu:essa árvore estava cheia de passarinhos e o menino jogou pedra.Eles voaram todos.Ele contava a estória viajando na imagem,realmente imaginando...isso é ler.
Chegando aos 600. Pergunto-me: Paro de rabiscar?Esse é o dilema. Posso criar para a realidade e parar de rabiscar “poesias”. (Lembrei que tenho algumas  poesias publicadas numa antologia.E Cacos está sendo revisado...)
E agora tenho que decidir. Ou faço uma especialização para aprender a escrever. Ou vou encantar com meus personagens minhas crianças?
Eis meu dilema.

 

Su Aquino
Enviado por Su Aquino em 22/03/2012
Reeditado em 22/03/2012
Código do texto: T3569348
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