Fragmentando Teorias
Pode até ser consequência de um pensamento súbito, de um vestígio de delírio intuitivo da minha cabeça, mas estou com medo do meu excesso de clareza, de descomplicação.
Na minha adolescência precoce eu sentia, como a maioria das pessoas, a necessidade de ser complicada. A complexidade nessa fase é o máximo e o bacana é ser misterioso, enigmático, indecifrável... Daí eu cresci e comecei a perceber que quanto mais simples, mais fácil ser feliz. Percebi que a simplicidade torna tudo mais leve e poupa sofrimento vão. A partir dessa conclusão passei a defender com unhas e dentes que devemos encarar as coisas de maneira realista, que nem tudo é tão ruim ou tão maravilhoso quanto, a princípio, nossos ânimos captam. Me tornei parceira inseparável da compreensão, da paciência, do diálogo, da calma, da humildade (oposição de orgulho desnecessário)... e de todos essas virtudes e decisões que tornam os relacionamentos mais fáceis, mais brandos, menos problemáticos e mais felizes. Me fiz e faço acreditar que a felicidade que tanto buscamos é muito mais atingível do que o que nos mostram, que pra chegar até ela nem tem tanto mistério assim...
E é nesse momento em que eu enxergo essas minhas teorias de uma forma não tão atraente.
Quem quer uma felicidade fácil?!! O primeiro pensamento que nos vem é que, por ser fácil, já não é felicidade. As pessoas gostam mesmo é de drama! É de choro e grito! É de brigas e descontrole! E... não há nada de errado nisso. Ora! Pra quê mais extremista e apaixonada por um exagero do que eu? Entendo muito bem essa necessidade de fazer do caminho da felicidade uma imensa montanha-russa com direito a variações climáticas e monstros horrorosos... E é aí em que eu me perco e não sei mais de nada...
Eu consigo ver de forma clara que para ter um relacionamento fantástico é necessária sabedoria, maturidade, brandura e aquilo tudo que eu já disse, mas me pego no dilema: O ser humano precisa de furor, de impetuosidade, de frenesi! Ele anseia e precisa da violência dos sentimentos e atitudes mais impactantes e desmedidos! Então, como associar todas essas coisas numa só relação, numa só pessoa?
Limitados... ah como somos limitados... Sabemos que uma pessoa é um mundo inteiro, que tudo que a compõe é um universo particular, mas não conseguimos compreender e nem usar isso para ser todos que somos para só um. Não conseguimos nos fragmentar para ser e enxergar o outro sendo abrangedor de todo esse misto de sentimentos, de toda essa oferta de opostos complementares.
Ainda me passa algo meio cômico ao pensar em tudo isso: Será que eu só vou conseguir ser compreendida por homens com mais do dobro da minha idade? rs
Permita Deus que os esclarecimentos surjam e que as experiências me mostrem que estou no caminho certo, ou que não estou para, apressadamente, refazê-lo. Que Ele também me permita, apesar do não merecimento, encontrar essa minha tal felicidade, seja todos os dias com o mesmo homem, seja todos os dias com uma nova aventura, mas que a cada romper de dia, eu possa encostar a cabeça no travesseiro e sorrir por ser mais feliz na minha loucura que infeliz no politicamente-correto que precisamos para sobreviver.