CONFISSÕES...

CONFISSÕES...

Confessar-me a mim mesma, mergulhar no mais profundo do meu eu, desbravar o âmago do meu ser, caminho árduo que me pus a percorrer acreditando-me mestra de mim mesma, confiante do meu próprio saber, peguei a estrada... já nos primeiros pedregulhos tornou-se quase impossível equilibrar-me sobre os saltos alto e suportar o peso da bagagem. Quanto excesso me dispunha carregar!...

Qual penoso foi aquele porfiar!

Onde estou eu agora?

Numa praia “quase virgem”, sob o sol escaldante do meio dia vestida em trajes de gala. Na contemplação do mar, num sopro de vento, me vem o oráculo de Delfos. “Conhece-te a ti mesma!” Quase que por encantamento vi meu dedo indicador desenhar na areia a imagem que a cada traço reconheci sendo de um sábio, estatura mediana, barba branca, expressão serena, voz tênue a se confundir com a brisa do mar. “Ninguém educa a ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” .

Eureka!

Diante dele, o Mestre Paulo Freire, despi-me sem nenhum puder, lancei ao mar tudo o que reconheci de inútil em minha bagagem... Em vestes simples, chinelas de dedo, mergulhei naquela mar...

do qual sai, “meio cheia daquilo que penso saber e meio vazia do que sei que é preciso apreender.”

Lúcia Peixoto
Enviado por Lúcia Peixoto em 18/03/2012
Reeditado em 12/05/2015
Código do texto: T3561819
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