Poema sem fé

Leio o poema "Fronteira" do Miguel Torga, cuja última quadra diz:

Mas uma força que não tem razão,

Que não tem olhos, que não tem sentido,

Passa e reparte o coração

Do mais pequeno tojo adormecido.

('Libertação', Coimbra, 1960, mas...)

Olho na gente e vejo fronteiras a dividirem mentes e sóis:

Olho ao céu e vejo infinitos universos inatingíveis:

Fecho os olhos e acho adormecidos tojos de tristeza:

Quereria acordá-los, mas nem a fé me assiste...