Felicidade.
Descobri que a dor possui um poder tão absurdamente indecifrável, que consegue segurar o tempo, parar o relógio e somente se prolongar por entre as esquinas das horas, nos impossibilitando de dar passos para frente ou retroceder aos lugares de calmaria. Mais curioso da minha descoberta foi perceber que a dor se instala em nosso corpo como um véu invisível e ao toque mais suave dos seus fios perfeitos, sentimos um arrepio estranhamente aterrorizante, quase que angustiante. Todavia, caso contrário se faz com a felicidade, que passa por nós como um sopro suave, quase que imperceptível, ou até mesmo se manifesta como um tornado tão violento que nos desconcerta, mas com estadia previamente determinada a ser rápida, sem prolongamentos, fixação ou permanência em meus olhos, escondidos atrás das minhas pálpebras. A felicidade é essa criança levada que brinca de esconde-esconde, mas não denuncia seu esconderijo, somente murmura risadas abafadas, se divertindo da minha loucura em tanto procurá-la.