GOZAR SOZINHO. GOZAAAAR!!!
Ironia não é sempre desprezo, nem ira pode transformar em rancor.
Os deuses são eternos porque são tenazes, quando o perigo se aproxima eles desaparecem, acomodam-se na carapaça, viram anjos. Fazem do gozo um pseudo-prazer duradouro, não eterno para si, sofrimento e temor para seus fanáticos.
As multidões reverenciam, adoram, submetem-se, odeiam, amotinam-se e matam, sofrem.
Quem já conviveu com um anjo sabe que eles são conciliáveis, porém não são dados à convivência.
Os vivos podem se deliciar dos vivos, mas se alimentam de palavras há muito ditas, palavras mortas. Vampirizam os que criaram represas de sangue. Aí imaginam que elas servirão de gozo. Gozar por um momento e depois não gozar mais é como nunca gozar. Viver do gozo que já foi é tentar reviver: é sofrer.
Se vieste me dar uma flor que murchou, incendei-a. Se queres me dar um beijo de piedade esconde teu rosto no véu.
O torpor que sucede o gozo não é prazer é a distenção da carne. Gozo é o prazer que liga ao Cosmos e permanece inalterado até o último suspiro.