XAMÃ

Dá-me tua blusa que eu quero beijar. Tirar dela tudo que de ti ficou. Um resto de humor, o desejo refletido na umectação: és tu inteira revelada em meu olfato. És tu. Gotejo cada fragmetno de ti dentro de mim, a miscelânea me alimenta.

O néctar não está na flor

Tua droga, teu chá alucinógeno

A boca induz ao pecado

O lábio viola a castidade

A língua acasala, trepa, deflora

E faz tremer, arrepiar

Teu crime me compensa

Na boca depravada

Na hora do coito

Põe fogo na alcova

Sala, quarto, quintal

Verborragia gratuita

Uma infusão qualquer

Uma pitada de veneno

A língua foi mais atroz

Que o sexo

Implantou o amor

Arrancou gemidos e umectações

Num gargarejar nefando, impudico.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 07/03/2012
Código do texto: T3540650
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