XAMÃ
Dá-me tua blusa que eu quero beijar. Tirar dela tudo que de ti ficou. Um resto de humor, o desejo refletido na umectação: és tu inteira revelada em meu olfato. És tu. Gotejo cada fragmetno de ti dentro de mim, a miscelânea me alimenta.
O néctar não está na flor
Tua droga, teu chá alucinógeno
A boca induz ao pecado
O lábio viola a castidade
A língua acasala, trepa, deflora
E faz tremer, arrepiar
Teu crime me compensa
Na boca depravada
Na hora do coito
Põe fogo na alcova
Sala, quarto, quintal
Verborragia gratuita
Uma infusão qualquer
Uma pitada de veneno
A língua foi mais atroz
Que o sexo
Implantou o amor
Arrancou gemidos e umectações
Num gargarejar nefando, impudico.