O último drama do meu amor

Veio numa caixa de sapato, apareceu na mesma época que ela, veio com o simples fato de eu não ficar só, e com o mérito de quem queria satisfazer, foi um belo presente para quem acabava de perder outro amigo igual...

Ele, latia, era bem legre, mas no começo só chorava, em busca de leite, colo, o quente colo no qual ele dormira todas as noites de quando era criança, aos poucos foi criando uma sintonia de saber fazer tudo pra me agradar, ainda que destruisse tudo para brincar, tinha o mais belo pêlo, corria graciosamente como eu nunca vira antes, sem falar que pulava à todos os lugares e voltava ao meu colo desesperadamente.

Jamais esperei ter que te deixar, senti minhas mãos dadas até o último instante, meus olhos nos seus, assim como os seus nos meus quando eu precisei, 'nunca abandonar' minha lição constante na vida, e até você me ensinou espetacularmente o que era amar, sua companhia valia por milhões de companhias, e os anos passando e eu não te vi mudar em nada, assim que eu chegava com o carro, na garagem era sempre nosso primeiro encontro, você com o rabinho a balançar, com o focinho a esfregar...algo que eu nunca mais verei igual, nunca mais terei sua companhia nas tristezas e alegrias, nem seu visitar no meu quarto quando eu precisar...todos estes detalhes, foi de um filme de 9 anos que eu vivemos juntos, cada bolinha daquelas, cada momento, cada corrida, caça, cada alegria meu deus, onde eu vou conseguir igual?

Foi-se, e me deixou um drama, de não poder chorar a dor de estar sendo deixado, se eu pudesse escolher, amigo...teria ido com você.

Eu nunca me senti tão triste na vida

Clóvis Correia de Albuquerque Neto
Enviado por Clóvis Correia de Albuquerque Neto em 04/03/2012
Código do texto: T3534872
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