Continuo com Rosalia...
Continuo com Rosalia as excursões pelos vulgarismos. Esta poeta galega (1837-1885) inclui no 'Cantares galegos' um poema-oração ao Santo António (de Lisboa) que diz:
Santo António bendito,
dade-me um homem,
anque* me mate,
anque me esfole.
Meu santo, Santo António,
dai-me um hominho,
anque o tamanho tenha
dum grão de milho.
Dai-mo, meu santo,
anque os pés tenha coxos,
mancos os braços.
Uma mulher sem homem...
¡santo bendito!,
é corpinho sem alma,
festa sem trigo.
Pau viradoiro
que onda queira que vá
troncho que troncho.
etc., etc.
Púdica, embora não tanto, a poeta não diz que possa carecer o homem tão urgentemente pedido ao Santo, mas podemos suspeitar: "arame", "arma", "badalo", "bagre"... "nabo", "passarinho", "pau"...?
Quero dizer que o povo também argalhou nomes metafóricos do órgão sexual masculino. Mas, não sei, parecem-me menos expressivos, menos intensos... Opino, é só opinião minha.
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Citei os nomes-metáforas dos órgãos sexuais femininos e masculinos por Vivian Regina Orsi Galino de Souza, 'Vocabulário erótico-obsceno dos órgãos sexuais masculino e feminino em português e italiano'. É texto, que pode consultar-se na rede, muito interessante e esclarecedor.
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(*) "anque" redução da concessiva "ainda que".