Sobre amor
E então do que seria feita a vida dos cantores sem o amor das canções? É só um laço partido, amor do mais mal resolvido, do chifre ou da saudade.
O que seria então dos poetas? Sem o amor que mais inspira... Cada qual sabe o que move sua inspiração. E afinal, qual é a dessa vontade que surge e vai desaparecendo como fumaça no ar? São mais perguntas e menos respostas.
E esse tal do amor que é incógnita, que na verdade da sua face, quanto mais sabes da vida, menos você se apaixona. Pela arte, pela dança, música, da tinha, alma, tá tudo lá dentro e se reflete pelo semblante, é tudo feito do amor também.
Onde é que tá então? Vai lá que estão mandando procurar, tá na rua que andas todos os dias, no metrô lotado, bem no último sorriso dado pelo último cavalheiro que sobrou nesse mundo moderno, que as forças maiores fazem do acaso uma deliciosa surpresa.
Está também no trânsito, são os sinais, dizendo que vem, vai e trás, mas pode ir além, vai mais adiante, sem medo, que esse encontro irresistível me disse que tem um gosto bom. Vai, que a vida não te espera. Deixa as sensações te invadirem, elas que formam cores imagináveis, um abraço no túnel escuro, um beijo no carro, a luz de algum lugar, o segredo fica sempre nos detalhes.
Está ainda mais no olhar, que puxou do pai aqueles olhos tão profundos, tá no não particular, seguro da boa música e do mar que navega. Batalha naval diz onde jogar e onde não há, fique bem livre, agora já virou um mergulho, profundo, o azul límpido e bem refletido, é uma fotografia, está também no reflexo do mar nos seus óculos escuros jogados na areia pra um outro mergulho.
Vente vem, ventou lá em cima, e estou aqui, ventou nos cabelos mais uma vez e que seja feliz. Foi assim, ouvi bem dizer, procurei saber bem sobre o que ele lhe disse. E que seja feliz.