DOR
A Dor. Fiel companheira de todo homem.
Nem sempre vem pelo frio da lâmina, ou pelo mistério da enfermidade.
A Dor é subjetiva, é viva. Dona do tempo e do humor. Controladora de sorriso e acionadora de lágrimas.
Um amor não correspondido, um beijo roubado não devolvido.
A confiança traída, a maçã mordida, a miséria humana despida.
A falta de um abraço em meus braços, abalo.
Balaio congelado pela gélida experiência da decepção.
Um aceno não respondido, anseio destruído.
Dias ensolarados escurecidos pela Dor.
Segundos transformados em horas, sangue em ebulição, palavras fincadas na parede cardíaca.
A ilusão é mais real do que pensamos, tão inevitável quanto a Morte, tão imprevisível quanto a sorte.
Um amigo, parente ou colega. Todos são agentes da destemida monopolizadora de adjetivos pejorativos. Flechas envenenadas e perdidas que são atiradas ao vento do pessimismo, inevitavelmente atingindo um coração desguarnecido.
Dor. Mascarada em sorrisos, disfarçada em apertos de mão, distribuída em desejo de afeto, camuflada em piada.
Dor. Dói mas não mata. Gela, esfria, empalidece, adoece, isola... mas não mata.
Dói o amor. Paradoxo inevitável dos vivos.