Escolher um título sempre é complicado.

Sinto-me sufocada, como se todo o ar existente no mundo tivesse se escondendo de mim. Forço meus pulmões ao máximo, mas é completamente inútil. É como se eu estivesse presa dentro de uma caixa, uma caixa pequena, claustrofóbica, suja e esquecida. Esquecida há muito tempo. É horrível não conseguir compreender os motivos pelos quais seus sentimentos mudaram completamente de caminho. Porque do nada, tudo parece escuro. Como se a vida estivesse se esvaindo e você estivesse lá, parada, na beirada da ponte, ponderando se vale à pena pular ou não. Se vale a pena continuar lutando ou se desistir, e perecer no conforto da angústia é melhor. Algo me abraça, mas não me conforta. Grito, com toda a força que há em mim, para que me solte, mas não me obedecem. Nunca me obedecem. Sou uma completa figurante em minha própria história, em meu próprio romance. Vejo os personagens principais tomando seus rumos, vejo os sorrisos em seus rostos e me pergunto o que eu preciso fazer para conseguir um papel de maior importância. Será que eu preciso abrir mão de alguma coisa, para que eles me vejam? Mas, para que eles me vejam da forma como eu sou de verdade, não essa imitação barata que me tornei nos últimos meses. Não essa falsa entusiasta da vida que na verdade quer que tudo acabe, só para não ter que lidar mais uma vez com a verdade que me assombra cada dia que eu acordo. Acordar. Oh, que tarefa difícil, diga-se de passagem. Como é bom mergulhar em um mundo onde tudo que eu quero pode acontecer, onde tudo que eu desejo seja verdade. Onde eu não sou feita de mentiras e ilusões, mas de sonhos e realizações. Sinto-me nula. Só isso. Completamente nula.