"Vagina dentata"?
Chamou a minha atenção um verso do poema viniciusano que citei no "Pensamento" anterior:
"... Meus músculos estão doces para os teus dentes..."
Não sei bem o motivo nem as razões (se houver), mas é verso que delata um excesso de masculinidade transferida pela parte do poeta.
Sem dúvida existe, entre humanos e humanas, a hipótese de uns dentes mordiscar músculos sensíveis até ao êxtase... dos músculos.
Sem dúvida.
Contudo, a minha fantasia sobre as relações entre a Deusa e as suas criaturas não caminha por essas corredoiras.
Eu imagino a Deusa agir como músculo sensitivo, nebuloso e vaporoso quase, "caliente" sim, a inalar delicada, a envolver meiga, a remoer branda, a enlevar prazenteira... os desejos nem sempre honestos do seu criado contingente, precário, mas aceso, sumido no queimor dos fogos minguados.