Você deixaria de amar, se pudesse?
1.
Se você pudesse ter a habilidade, a opção de não amar, você o faria?
Não aquele amor que você sente pela sua família, pelos amigos ou qualquer coisa do gênero. Você sabe de qual amor falo, porque você muito provavelmente já o sentiu.
Finja que você não sabe. E eu lhe descrevo um pouco dele, ingenuamente.
Um sentimento que lhe deixa fraco perante determinada pessoa. A sensação de fraqueza e submissão faz com que você procure em todos os lugares aquilo que te deixa fraco. Algo que te prejudica e te satisfaz ao mesmo momento.
Ainda fingindo que não sabe o que é, nesse momento, diria-se que é loucura sentir algo assim.
Causa ilusão e ocupa espaço nos seus pensamentos. Te ilumina e te põe no escuro na mesma frequência em que os ponteiros dos relógios alternam entre horas pares e ímpares. E, ainda como o relógio, faz um ruído insuportável se você não escolhe-lo direito.
Todos nós buscamos respostas, a todo momento. É um instinto humano. Seja no momento de leveza ou no de peso, seja nos momentos ruins ou nos bons. Seja atento ou não. Tudo que queremos são respostas, mesmo que não valha a pena saber.
Em alguns momentos estamos tão exaustos para tudo e mesmo assim queremos procurar por algo novo, diferente, ousado. E queremos que algo aconteça, em maior ou menor intensidade dependendo de enésimos fatores. Buscamos respostas mesmo não sabendo que estamos procurando, como algo automático.
Agora, se já buscamos respostas a todo momento, precisamos de mais dúvidas ainda? Precisamos de um sentimento que cause mais dúvidas ainda?
O momento de nossas vidas pode sempre ser colocado em um de dois grandes grupos que englobam várias outras coisas: o momento em que há mais respostas e o momento em que há mais dúvidas. E essa balança raramente se equilibra, e quando o faz, dura pouco tempo.
Do mesmo jeito que a tendência de algum bom momento é sempre piorar e a tendência de um mau momento é sempre melhorar. E, novamente, é muito raro que tudo esteja pleno, em uma zona do limbo.
Esse sentimento faz tudo ir por água abaixo, na maioria da vezes. Desequilibra o que já era desequilibrado. E com ele vem mais dúvidas e as respostas que você antes adquirira se tornam questionáveis perante seu olhos e sua mente. E você já não sabe mais para quais lados as suas balanças estão desequilibradas, porque há uma névoa que bloqueia tudo e demora a passar completamente.
Você age por instinto, impulsivamente. Você diz o que não queria dizer e não faz o que queria fazer. Se acerta em alguma decisão, você questiona a si mesmo se foi sorte ou mérito, mesmo não acreditando em sorte e azar. E qualquer erro que você comete pesa cinco vezes mais que um erro normal pesaria.
Algo recorrente, ainda por cima finito e sempre diferente. Sempre caótico. Onde também não há espaço para lógica e muito menos frieza.
Você aceitaria esse sentimento, de braços abertos e pronto para as consequências? Sabendo que esse sentimento é dúvida sem resposta?
Pense antes de ler o resto do texto, porque darei minha opinião a seguir.
------------- xx ---------------
2.
Minha resposta é a mais óbvia, visto que escrevi tudo aquilo em cima. Eu não aceitaria. Pudesse eu optar por não amar, eu optaria – sem arrependimento. Talvez eu acabasse não sendo o que sou hoje. Querendo ou não, o amor, mesmo falho, te deixa mais forte depois que acaba e te transforma mesmo que pouco. Segue a lógica do "o que não te mata te deixa mais forte". E mesmo assim acho que os outros ensinamentos da vida são ofuscados pela experiência do amor. E a vida já tem um arsenal de opções para te derrubar, não é como se uma arma fosse fazer tanta falta para a vida.
Não é que eu acho essa a opção "certa". Isso é relativo. Estou muito, muito longe de ser o dono d'A Verdade. Mas eu sei que sou o dono do que EU acho ser verdade para mim. E, feliz ou infelizmente, essa é a minha verdade.
Já tenho muitas dúvidas e pouquíssimas respostas, porque penso demais. E se penso demais, dúvidas só levam a mais dúvidas porque não penso direito e claramente.
E o amor faz pensar demais. Muito mais que o necessário e muito mais do que acho confortável.