Rezas e confissões de uma cética
Confesso: é estranho para alguém que se diz cética, mas, de vez em quando, eu rezo. Nada demais. Nem chega a ser uma reza de fato [não creio saber alguma em sua letra original, apesar de vir de uma família de rezadeiras]. Apenas uma espécie de desabafo mental, quando já deitada, semi-consciente, pouco antes de dormir. Alguns pedidos por clareza, por leveza, por terceiros que são primeiros em minha vida - desconfio que a maioria deles não esteja "nem aí". Uma conversa travada não sei bem com quem. Talvez com o silêncio, com o escuro, com meu subconsciente semiconsciente, tanto faz. O importante é que, de vez em quando, tenho essa vontade súbita e não me envergonho em atendê-la. É algo que me faz bem. Admiti-la agora, porém... está sendo bastante constrangedor. Não sei se faz alguma diferença aos terceiros cujos nomes envolvo em meus devaneios pseudo-religiosos - continuo desconfiando que a maioria deles não esteja nem aí. Até onde me consta, até hoje, nenhum pedido direto me foi atendido, então, creio que não faça qualquer diferença. Até desejava que sim. mas... Tudo bem. Mantenho-me cética. O objetivo nunca é ter, de fato, alguma resposta. Apenas ser capaz de verbalizar, ainda que em silêncio, aquilo que me aflige em sentimento. Pensando bem, é de um egoísmo sem tamanho essa minha tal oração. Não sei se tem algo de religioso nela, mas, de vez em quando a repito, ainda que nunca seja a mesma. E sempre a precedo e encerro com um rápido sinal da cruz. E um beijinho, demorado, na unha do polegar direito. Amém.