Fé
Não creio nos homens,
ou na sua justiça;
Não creio na bondade,
ou na sua cortês hipocrisia.
Não creio nas flores,
ou em seu pífio perfume;
Não creio na luta,
ou em sua efêmera vitória.
Não creio na historia,
ou em seus acres tormentos;
Não creio na derrota,
ou em suas lágrimas tolas.
Não creio no luar,
ou em suas fases confusas;
Não creio na luz,
ou em sua fugacidade audaz.
Não creio na dor,
ou no torpor de seu sofrimento;
Não creio na chuva,
ou no adiamento do bom tempo.
Não creio no tempo,
ou em seu sacrifício eterno;
Não creio na eternidade,
ou em sua esperança vã.
Não creio no sofrimento,
ou em sua parca recuperação;
Não creio na solidão,
ou em sua inesgotável liberdade.
Não creio no sonho,
ou nos seus espasmos de cor;
Não creio na mentira,
ou nas mais duras vivazes.
Não creio no nada,
ou no paradoxo complementar;
Não creio no falso olhar,
ou na cumplicidade vadia.
Não creio no medo,
ou na sua vil ausência;
Não creio na poesia,
ou na sua demência completa.
Não creio na decência,
ou na sua louca verdade;
Não creio na saudade,
ou no estio acalorado.
Não creio na violência,
ou na ironia da clemência ;
Não creio na maldade,
ou na culpa de ser maduro.
Não creio no fantasma,
ou no sangue sem plasma;
Não creio em ateus:
“- Deus, como parir a minha fé!?”