Um ir somente

Para que calendário, relógio, cabresto

Se o tempo sem rédeas, foge ao seu ritual.

Não adianta mentir se a verdade ao final

Se irrompe das trevas, num ocaso funesto.

Para que, crença ou fé no mistério insondável

Se é maior do que a mente que anseia entender.

O melhor a fazer, talvez mais razoável

É nas curvas do tempo se deixar, se perder...

Para que digerir alimento indigesto

E tentar agarrar o infinito com a mão,

Se depois só restar grande decepção?

O melhor a fazer num legal manifesto

Talvez seja semear, sem pensar, voluntário

Sem viver sob a sola de um agir sedentário...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 11/02/2012
Reeditado em 11/02/2012
Código do texto: T3492141