Um ir somente
Para que calendário, relógio, cabresto
Se o tempo sem rédeas, foge ao seu ritual.
Não adianta mentir se a verdade ao final
Se irrompe das trevas, num ocaso funesto.
Para que, crença ou fé no mistério insondável
Se é maior do que a mente que anseia entender.
O melhor a fazer, talvez mais razoável
É nas curvas do tempo se deixar, se perder...
Para que digerir alimento indigesto
E tentar agarrar o infinito com a mão,
Se depois só restar grande decepção?
O melhor a fazer num legal manifesto
Talvez seja semear, sem pensar, voluntário
Sem viver sob a sola de um agir sedentário...