APATIA: Reflexão de Tudo ou Nada
Falta Tudo. E Tudo faz falta. Mesmo quando se tem Tudo e se percebe com Nada. Dói. Mesmo quando não se consegue mensurar quanto é Tudo ou quanto falta pro Nada. Mesmo sem Nada, se almeja um dia, o Tudo. E Tudo, que tanto ambicionamos, continua a faltar.
Falta Tudo. Mesmo tendo alguma coisa ou Nada. Será Tudo a mesma coisa? Não dá pra saber. Só sei que faz falta. Falta Tudo e não falta Nada.
Falta coragem de enfrentar o medo, entregar-se ao talento, aquele algo mais que faz falta.
Falta a crença em si mesmo e em si mesma. E Tudo o que se tem, não é Nada. Nada mais do que a crença vazia, imposta, que enclausura, escraviza e cega. E tudo isso porque temos Tudo e mesmo assim só o que vemos no horizonte é Nada. Porque perdemos Tudo. Ficamos com Nada.
Perdemos a Razão, a dona do Eu; o Raciocínio; a poderosa Dúvida, que conduz ao novo; perdemos a Perspicácia e a pergunta perfeita na hora adequada. E nessa hora, muda a maré. Nada passa por Tudo e Tudo por Nada.
Não questionamos Nada. Aceitamos Tudo.
Não selecionamos Nada. Assim, Tudo fica bom.
É como se fosse comida. Enchemos a barriga, sem saber de que, como e porque. Só enchemos. Aí vira baderna.
Olhamos sem enxergar.
Trabalhamos sem planejar.
Ouvimos sem criticar. O Critério não existe. E Tudo passa a valer sempre, automaticamente.
O robô social, que um dia chamou-se Homem, é hoje uma máquina, programada para travar, indefinidamente, até parar de pensar, caminhando, apático, para a completa Apatia, que por sinal, o espera de braços abertos.