Persistência e memória
Eu, cara leitora, mas também caro leitor, posso ser de memória fraca.
Contudo, esse facto factual não me autoriza a pensar que a gente dotada de humanidade seja igualmente fraca em memória.
Temos a prova no que acontece em lugares como este do reino bourbónico: houve ditadura, os primeiros democratas (avôs, pais e mesmo filhos da "transición") promulgaram uma "ley de amnistía".
Pretendiam que todo o mundo, o interno e o externo, esquecesse que havia (e ainda há) uns 150.000 "desaparecidos", ou talvez mais, mal enterrados nas bermas de caminhos e estradas ou fora dos cemitérios, onde esses 150.000 "desaparecidos" foram assassinados.
(Entre os "desaparecidos" há varões socialistas, comunistas, anarquistas, católicos e também boas pessoas; há mulheres embaraçadas ou recém paridas; há novas e novos; há velhas e velhos...)
Impossível, porque não pode ser, que uma "ley", por muito bourbónica que ela for, suprima a memória de tantas famílias de "desaparecidos".
(NOTA IMPORTANTE.- A sublevação militar do general Franco contra a II República espanhola, apesar de ser ajudada (a sublevação) pelos nazis alemães e os fascistas italianos e os "viriatos" salazaristas, não conseguiu exterminar todos os integrantes de todas as famílias republicanas. Por isso hoje ainda há memória, nada fraca...)