Testamento

Tempo, tempo, tempo, tempo...
O meu corpo te acompanha
O espírito decerto nem tanto
Mais lento por certo esperaria
Mais tempo...
Mas o tempo...
Tempo cruel, tempo cruel....

Tempo, tempo, tempo, tempo....
Tem me permitido viver tudo que sonhei
Muito mais do que pedi a Deus
O que Ele decerto concedeu
Impacientemente esperei
Tempo fiel, tempo fiel...

Muitas terras e caminhos caminhei
Muitos picos conquistei
Muitos endereços, sim
E paisagens registrei
Muitas vidas eu vivi, posso dizer
Muito tempo se passou...
Hoje pesam minhas pernas
Tempo cruel, tempo cruel....

Filho, esposo e pai... agora sou avô
Namorado, enamorado, desde que a conheci
Marido pelo tempo que Deus me permitir
Quisera eu, pela eternidade
Santo sim, tenho tentado merecer
Ao Deus que muito busco
A muitos O tenho levado
Tenho tentado, sigo tentando.

E quando o tempo certo chegar
Quero deixar ao mundo
Meus filhos, meus amores
E os amigos que de alguma forma
O coração e a alma eu tenha tocado
Um pedacinho deste mundo
Eu toquei, e mudei,
Ao menos fotografei.

Incendiado de amor eu já fui
Minhas cinzas já espalhei
Pelas terras por onde andei
Só escrevam de mim
Que lutei, e tentei
Todo o tempo.
Maurício Victor de Uzêda
Enviado por Maurício Victor de Uzêda em 05/02/2012
Reeditado em 21/09/2015
Código do texto: T3481436
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