O DIA DO SANTO
Pegou as alpercatas do canto
Esporeou a montaria
Sem saber que era um santo
Exato naquele dia
Espantou a suçuarana
Que muito sagaz o seguia
Negando espantar o medo
Pra ele não existia
Levado pela esperança
Um laivo de valentia
Retine em sua lembrança
O rosto da esposa e da cria
E no soturno da noite
Sequer a tropa ele via
Somente o som do açoite
O traz vivo à travessia.
Mas os dias vão passando
E ele a esperar
No juízo martelando
O desejo de voltar
O suor nele sangrando
O filho vem proclamar
É deus que está chegando
Olha como ele está
Uma auréola está brilhando
Vai correndo abraçar
Seu desejo é sempre o mesmo
O medo de fracassar
O menino espera o deus
Mas onde é que ele está
Os desejos não são mais seus
O filho vai lhe sorrindo
Ele vê o chão se abrindo
Para o povo o sepultar.