Sobre o tempo
Observo o tempo a me cercar como aprisionada em meio à ciranda...
Lembro-me do tempo em que o tempo era servo de uma eterna criança...
O tempo passou e surpreendeu... Fazendo-me de escrava como que por vingança...
Do tempo em que sem saber de sua importância perambulava e mantinha as andanças...
Observo o tempo e ele por vezes me sufoca,
Lamento a todo o tempo, pelo tempo que perdi e não lhe dei o devido valor...
Agora o tempo é o mestre que rege a duração da minha dor.
O tempo ensina, mas nunca de maneira gentil...
O tempo cobra de maneira árdua, quase que febril...
A fé é a única que batalha contra esta regra imposta e sem aceitação de defesa...
O tempo é espelho que reflete a nossa pobreza...
Resta-nos então admirar como for possível sem muitos resquícios de tristeza;
Todos os segundos desta gigante ampulheta...
Já que contra o tempo nada se tem a fazer...
Já que os erros por mais que tentemos, não conseguimos esquecer,
Farei do tempo semente boa...
Semente que possa bons frutos conceder...
Semente que faça esperança florescer...