Sobre o fim dos anos

O término de um ano. As pessoas se reúnem, saem de suas casas, lotam as ruas, as lojas, os clubes. Aqueles que passam o resto do ano reclusos em uma mesa de escritório ou na frente de um computador espreguiçam e olham para os lados para prestar atenção nas pessoas. Quem passa o resto do ano nas estradas intermináveis, finalmente pisa no freio e presta atenção aos outros. Aquele que passa o resto do ano pensando encontra, nessa época, uma overdose de idéias e das opiniões mais espalhafatosas.

O que é o natal,o ano novo e o que fazer com eles?

A verdade é que, o fim do ano é aquilo que você quiser que ele seja. O nascimento de Cristo, uma figura bíblica, ou de sir Isaac Newton. Pode ser uma época de farsas ou de felicidades, de arrependimentos ou de satisfações, de promessas vazias ou de ações concretas, de árvores de natal reais ou de plástico, de gula ou de compaixão, de branco ou de preto.

Poucas são as vezes em que as pessoas se colocam a pensar sobre as coisas, o fim de um ano parece ativar certas áreas do cérebro até mesmo nas pessoas em que essas regiões são dormentes na maior parte do tempo. Aproveitemos a estranha mobilização da sociedade para fazer aquilo que achamos importante. Alguns encontram importância em presentear, mas porquê não presenteiam em outras épocas? Outros submetem-se a ritos religiosos, ficam gratos pelo ano e pedem perdão pelos pecados, chegam a fazer confissões para poder participar dos cultos. Depois voltam às suas vidas pecaminosas, talvez para poderem repetir o mesmo ritual no final do próximo ano.

Encontre aquilo que te traz satisfação. Para mim:

Uma caneta, um pedaço de papel

Uma mente atenta e a curiosidade

Um assento confortável e um chapéu

Tranquilidade, paz e liberdade

Para mim, o fim do ano não significa nada. Eu não comemoro nem mesmo o meu nascimento, não vou comemorar o nascimento de outrem. A passagem do dia 31 para o dia 1 não é mais importante do que a passagem do dia X para o dia Y, a nossa maneira de contar o tempo é insignificante.

Reconheço a insignificância da minha existência e dos meus pensamentos, bem como de toda espécie humana. Com isso, sendo otimista e esquecendo-me dos diversos conflitos e desgraças que já causaram, agradeço a Jesus Cristo e a todos os outros deuses pela sua influência. Ateus ou não, devemos gratidão a tais entidades que, existentes ou não, conseguem algo maravilhoso: fazem com que as pessoas pensem. E é o pensamento, o pensamento conjunto, que diferencia e move as civilizações. De nada vale que apenas uma pessoa acredite que a Terra se move, se ninguém puder convencer a sociedade.

Hoje, meus amigos vivos e humanos, após muitos anos calado, eu rezei. Esse texto foi minha oração.

Paulo de Carvalho Dias Mendes
Enviado por Paulo de Carvalho Dias Mendes em 31/01/2012
Código do texto: T3473174
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