Concreto e palavras
Hoje pensei por um momento numa curiosa e cruel contradição que nos envolve, penso antes e agora, a todos os humanos:
Percebemos o concreto, esse jeito de caminhar que ao nosso gato caracteriza, ou esses rasgos do rosto que me dizem dessa pessoa acaso ser de Ourense, ou os gestos rabiscados que a mão dá sem apenas consciência do seu dono...
Mas ninguém é capaz de desenhar com palavras o particular movimento do gato, ou a expressão da cara, ou os traços que a mão descreve... As palavras não são concretas; falta-lhes totalmente qualquer concreção.
Assim somos, contraditórios, como se o concreto fosse feminino e o inconcreto fosse masculino. Ou talvez vice-versa, talvez...