VIVER

Muitos necessitam encontrar uma razão superior e transcendental para viver. Para mim basta a própria vida como razão para vivê-la bem e dignamente. Para mim basta a certeza da morte total e irremediável, basta saber que não tenho segunda chance nem mesmo segunda época, basta saber que irmãos em espécie sofrem do abandono social e humano e sequer conhecem o significado da dignidade humana, para valorar a minha experimentação do viver.

Respeito os que acreditam terem um motivo superior para viver, pois acreditam que se não o tivessem não teriam motivos éticos para apreciar da vida, ou para serem bons. Pessoalmente entendo esta argumentação como fraca e imprópria, não concordo com ela, mas respeito os seres vivos que as defendem simplesmente por serem eles seres humanos. Entendo que exatamente por ser a vida única, breve e sem continuidade, é ela tão maravilhosa e importante. Sua descontinuidade total me obriga a buscar experimentá-la com muito mais racionalidade e com muito mais coragem e ousadia na constante luta pela dignificação do humano, do que se veem obrigados muitos daqueles que acreditam em oportunidades de prosseguir algum tipo de vida após a morte material, ou mesmo que acreditam em perdão ou em motivos superiores como razão para viver.

Vivo porque amo a vida, em toda a sua essência do viver. Vivo porque busco construir um amor por meus irmãos em espécie. Vivo porque acredito ser importante tentar participar pela inclusão social de todos. Vivo porque a vida em si é tão rara que me obrigo a trabalhar por ela.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 22/01/2012
Código do texto: T3456007
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