Ai que saudade daqui...

Até dá para ouvir os sons dos violinos... É, voltei! Eis que é chegada a hora de dar nomes aos chinelos; de vacinar-se contra a meningite, é a época de matar todo mundo e ir embora de carona, porque, por aqui e agora, tudo é possível...

E isso aqui, para mim, continua com o mesmo realismo que tanto nos surpreende... Mas, como já são reconhecidos alguns absurdos em tudo isso, falemos em sua mesma linguagem: A do absurdo.

Digo-lhes: Estive de férias!!! E vocês me perguntam: E daí???!!! E daí, que eu não sei nada... Mas, para os que sabem e que também ouvem sons de violinos, como eu... Conto-lhes que fui ao cinema, shopping, motel, museu, teatro... E por falar em teatro, sugiro-lhes que confiram o teatro do absurdo de Ionesco. Aproveitem é extraordinário!!! Lá os espectadores riem tanto da maneira como as criaturas, dele, contam suas coisas, que ao terminar o espetáculo acabam fazendo do mesmo jeitinho bizarro. E como indicação, aí vai: “A cantora Lírica Careca”, “O futuro está nos ovos”, “Este formidável bordel”, e “O novo inquilino”, este, por exemplo, pelo título até nos parece uma coisa bem séria, mas no final ele acaba morrendo esmagado sob todos os móveis que coloca dentro da sua nova casa...

Mas, na verdade, estou feliz! Fui por aí e voltei!! E, caríssimos, por falar em inquilinos e novatos... Advirto-lhes que todo início, ou retorno, é arbitrário! E, é mesmo!!! E triste, ou feliz, do especulador que ainda se debata com os excessos de um iniciante, ou retirante, na sua arte de iniciar, ou retirar e colocar, e retirar... Eu prefiro ficar com o prazer de examinar os embaraços dos desavisados especuladores.

Ainda pensando sobre essas e outras dificuldades, lembrei de uma visita que fiz a um pequeno circo que passava pela minha cidade... Destes que vocês visitam... Recordo muito bem a estréia de um palhaço iniciante no seu novo ofício. Eu, como não sabia de nada disso, já fui logo esperando um início arbitrário, como todos os outros: com carro explodindo, corre-corre, sirene, fumaça, etc... Mas, nada disso aconteceu...

Entretanto, estes iniciantes são possuidores de certo órgão em vias de extinção no homem atual: um órgão que causa nos outros uma visão dele como uma figura doce! Uma íntegra percepção da formosura enquanto nos deixa bestificados... Obviamente, como ninguém consegue ir muito longe com isso, naquele evento, surgiram as vaias e reclamações. Inconformado, o palhaço pediu a palavra ao apresentador (que ria em amarelo, todo envergonhado com aquele desempenho) tomou-lhe o microfone das mãos e, seriamente, perguntou:

- Vocês não gostaram, não?!

E a platéia eufórica, em coro, respondeu:

- NÃÃÃÕOO!

Assim, ele, todo confiante retrucou:

- Ahh, não?!

E, novamente, o coral:

- NÃOOOOO!

E o palhção finalizou:

- Então vão todos tomar no cu!

Não resisti!!!! Com aquela atitude de insubornável indignação, coragem e completa alienação, de mim, ele recebeu aplausos. Mas, garanto-lhes que, nem por isso a carreira será uma das mais promissoras que eu já vi...

E assim, feliz da vida, como um novo inquilino, que ainda está ouvindo um som de violino - que até parece um Stradivarius, mas nem de madeira é, digo-lhes que, daquele espetáculo até hoje, eu só acredito em palhaço se for de circo pequeno...