"Eu sabia que você viria".
Algumas pessoas contam a história de dois amigos, que se conheceram na guerra e lutaram juntos.
Ao fim de uma das batalhas, quando os soldados regressavam ao acampamento, um deles pediu autorização ao seu superior, para que pudesse buscar o amigo, um outro soldado, que ficara para trás, no campo de luta. Dizem que o superior não autorizou, porque sabia que de nada adiantaria, uma vez que entendia que aquele soldado não teria retornado porque, provavelmente, estava morto. O soldado que pediu a autorização, mesmo sem ela, partiu na busca do amigo e, algum tempo depois, retornou com o seu cadáver nos ombros. Ao ser chamado à atenção pelo superior, que não lhe dera autorização para tal, e que lhe havia dito que de nada adiantaria a busca, pois o soldado estaria morto, aquele soldado que o buscou assim respondeu ao seu superior: “as últimas palavras ditas por ele foram que ele sabia que eu voltaria”.
A história, de cunho muito triste, nos ensina acerca de amizade. Amigos são aqueles que não medem esforços para nos atender, que não colocam dificuldades para os nossos sonhos, que confiam em nós e são, também, pessoas em quem podemos confiar e com quem podemos compartilhar nossas vidas.
Neste último mês, ouvi, de uma pessoa muito querida, essa história. Assim que me contou, para justificar a sua fala seguinte, disse-me, pela primeira vez, “eu sabia que você viria”. Passados alguns dias, em uma outra situação, tornou a dizer-me “eu sabia que você viria”.
Jamais escutei de alguém tais palavras, da forma que me foram ditas. Aliás, não as tinha escutado de forma alguma. Mas, como as ouvi e quando isso aconteceu, pude perceber que aquela pessoa muito querida deposita em mim certa confiança. Tem-me, com certeza, em elevada estima, eis que, pelo que dela conheço, não é alguém que diz tais palavras corriqueiramente. Pelo contrário, trata-se de alguém que, raramente, demonstra sentimentos de amizade e de carinho.
Fiquei muito feliz em ouvi-las. Mas as tais palavras acabaram por criar em mim um novo sentimento. O de que, com certeza, preciso estar mais atento à essa pessoa muito querida, porque, desejo corresponder a essa impressão de confiança que ela me cultiva.
Afinal, para quê existem os amigos?