Viver.
Penso, procuro e até recorro para meus atos, tentando achar nos mesmo, uma forma de descrever algo que só eu sinto. Que só eu vejo e vivo. Mas parece quase impossível quando vou até as minhas verdades e elas fogem rapidamente, na mesma velocidade em que as palavras se esvaem. O fato importante é que não adianta, não importa quantas vezes eu diga que não, se as pessoas ao meu redor gritam que sim. Sim, essa é a verdade. A verdade deles é "absoluta", não a minha. A minha, aos olhos alheios, são apenas falsas verdades. Ou verdades inventadas, que seja. Não importa nada, se o que eu vejo, ninguém ver. É perda de tempo se eu tentar me explicar, mas eu o faço com uma habilidade incrível. Mesmo que me machuque tanto, a ponto de me sentir vazia e sem alma. Como alguém que veio sem um por quê, e levou embora o meu verdadeiro eu. Alguém que provavelmente fez questão de me deixar sangrando, já que para ele, o meu sangue não significada nada. Creio eu, que não só para ele, mas para milhões de pessoas que continuam a acreditar que a minha existência é insignificante perto da deles. Os mesmos que fazem questão de pisar, cuspir e ainda soltar um leve sorriso de desprezo ao te encontrar pelas ruas. É com esse tipo de gente que lidamos todos os dias. E se você quer saber... Não adianta chorar, espernear ou lutar contra a vida, pois você é fraco pra isso. A melhor forma de se livrar, ou pelo menos amenizar tais situações, é vivendo. Vivendo intensamente e estando flexível para aguentar o peso dessa vida. Não ache que é fácil, não pense que pode lutar contra o mundo todo apenas com uma mão... Se dê por inteiro e ainda será pouco. Por isso ainda estou aqui, por isso continuo firme. Mas basta olhar profundamente em meus olhos, para saber que não há nada bem. Que as coisas estão desarrumadas e que eu sou incapaz de arrumá-las. Eu vejo meu mundo desmoronar um pouco mais a cada dia que passa. Eu vejo minha vida sendo destruída a cada passo que eu dou. Eu vejo meus sonhos sendo jogados no lixo, a cada vez que fecho meus olhos. Tudo está acabando. A cada batida lenta e profundamente dolorosa que sinto meu coração fazer com enorme esforço, eu vejo uma parte de mim, deixando de existir. Mas você não pode me ajudar. Ninguém pode me ajudar. Então qual motivo me levaria a dizer, não só a você, mas à todas as pessoas que fazem parte do meu mundo, que eu me sinto morta agora? Não iria mudar em nada o que eu sinto. Não iria sequer diminuir a minha dor. Talvez seja verdade que o tempo nos ajuda... Mas ele não cura, ele apenas cicatriza. Ele não apaga as memórias, ele apenas guarda as lembranças ruins em um lugar escondido. Mas se você der bobeira, tenha certeza, tudo vai voltar. E muitas vezes, voltam ainda mais intensas. Você precisa ser forte, porque essa é a única coisa que resta a fazer. Não tente se explicar, ou até tente... Mas saiba que na maioria das vezes, será inválido. Porque eu sou assim, porque esse é o meu mundo. Eu costumo aprender da forma mais dolorosa que possa existir. Penso tanto antes de falar, imaginando diálogos não consumados, que quando abro boca pra pronunciar qualquer palavra, eu esqueço; me perco; me arrependo. Então deixo as coisas como estão, só para não ter que derramar outra lágrima. Porque uma hora, todo mundo cansa. E o meu limite provavelmente, já foi ultrapassado. Vivo do passado, de me arrepender, de me martirizar. Vivo por viver, ou simplesmente por querer e gostar de sofrer.