Posso viver em teus olhos
Caminhava distraidamente pela cidade quanto vi uma discreta pichação, próxima ao chão, quase invisível que dizia: "Posso viver em teus olhos". Naquele momento, surgiu um leve sorriso em meu rosto e um elogio pensado para o autor, mas não demorou muito para que aquela frase tomasse formas e um sentido absoluto.
Lembrei das vívidas cores que me prenderam em um pensamento nulo, a tranquilidade e juventude que me reconfortaram e abrandaram qualquer male que me abatia. Da pureza da alma que apoiava-se naquela bela e doce janela (tomando, arbitariamente, como minha a analogia dos poetas). Do sentimento que me preencheu e me tornou dependente. Entendi que meu sorriso era explicado pela memória de um vislumbre.
Aquilo ficou em minha mente por dias, senão semanas. Compartilho da mesma alegria e dor do autor de tal obra, entendo o confuso marear entre felicidade e sofrimento, determinados pela sua presença ou falta. Falta esta que leva consigo nada mais do que minha alma, entendimento, sentimentos e coração. Falta essa que deixa um buraco em meu peito chamado saudade.
Não querendo extender-me, posso dizer com total certeza, entendimento e resolução: "Posso viver em teus olhos" e neles vivo desde que me perdi em tua existênica.