Meus Motivos Para Não Ser Pai

Esse texto é uma publicação altamente individual na qual explico os motivos que me levaram a ser e reforçar meu estilo de vida "childfree" (termo em inglês para pessoa que não tem e nem quer ter filhos), mas outras pessoas podem identificar-se com minhas ideias, até aderindo ao estilo e meu intuito é apenas explicativo, não impositivo. Criei esse texto como uma resposta longa e mais completa capaz de detalhar minha mentalidade convicta sobre as motivações que me fazem ter aversão à paternidade.

Desde pequeno eu já tinha aversão à paternidade, mas quando criança eu não sabia tão bem os motivos para ser um sem filhos, nem tinha concepções aprofundadas sobre o tema e pensava que eu era o único menino que tinha aversão à paternidade. Isso era algo inconsciente, quando criança eu apenas dizia que não queria ser pai e nem marido de ninguém por querer vida de aventureiro, como o personagem cinematográfico Indiana Jones. Eu me imaginava num futuro como um adulto completamente diferente da projeção idealista de constituição familiar e rotineira que a maioria das crianças e adolescentes costumam calcular ou imaginar sobre si mesmos. O tempo passou e cresci e como adulto minha racionalidade aumentou, assim como construí meu estilo de vida lentamente e tornei meus objetivos ainda mais definidos e inflexíveis. Tais evoluções em pensar em meu futuro e em suas consequências fizeram-me descobri e inventar meus motivos para não ser pai.

Sou uma pessoa "normal", não considero um absurdo o desejo de não ter filhos, vivo com altos e baixos como qualquer pessoa, gosto de crianças e elas gostam de mim, mas não quero gerar e nem adotar crianças ou adolescentes, pois isso atrapalharia minha vida em vários sentidos. Meu estilo de vida como sem filhos não atrapalha minha vida, pelo contrário, permite-me mais tempo, dinheiro e energia para investir em meus objetivos e planos.

Eis os meus motivos para não ser pai:

POR ESTILO DE VIDA:

01- Individualidade: Gosto de fazer as coisas que quero, quando quero e sem ter quem dependa de mim, pois não quero abrir mão de ser eu mesmo para ter que ser pai.

02- Privacidade: Gosto de preservar meu espaço e para ser um pai presente é importante ter menos privacidade e mais participação na vida do filho, isso é inviável.

03-Liberdade: Não quero dependentes, quero poder fazer tudo que gosto e quando for meu desejo, sem ser obrigado a adiar e cancelar vontades próprias em prol dos outros.

04- Paz: Filhos podem ser calmos ou agitados e podem gerar inúmeros problemas e perturbações para as quais não tenho preparo algum para lidar, por isso quero paz.

05- Vínculo Permanente: Independente dos fatores não existem ex-pai, ex-mãe e ex-filho e mesmo crescidos todos estão ligados, incluindo para quando existirem situações de problemas graves que afetam os pais.

06- Intimidade sexual: Muita da intimidade sexual costuma ser perdida com o nascimento dos filhos, perde-se tempo e disposição para o sexo e isso me faria falta.

07- Tempo, dinheiro e energia: Prefiro investir tempo, dinheiro e energia com objetivos e planos individuais, considero melhor investir em eu mesmo do que nos outros.

08- Abdicações: Eu não estou preparado para negar minhas vontades para satisfazer as dos outros, ser pai implica muito em se doar e se esforçar para criar bem um filho e para mim isso não procede.

09- Agradar quem não merece: Ter filhos para me promover com familiares, sociedade, Governo e qualquer agrupamento social não me convém, não consigo ser tão utilitarista e fútil.

PELO FUTURO:

01- Não quero correr o risco de ter um filho decepcionante que herdará meus bens mesmo sem merecer. Muitos herdeiros destroem o patrimônio que os pais tiveram trabalho em construir.

02- Filhos são uma responsabilidade para toda a vida e também levam nosso sobrenome, portanto se eles se tornam criminosos temos uma parcela de culpa nisso e nos preocuparemos com os atos deles.

03- Colocar alguém no mundo só pra ele cuidar de mim na velhice, e atender seus projetos pessoais é egoísta e mesquinho. Não consigo ter uma mente tão baixa assim.

04- Gosto de crianças e elas gostam de mim, mas não tenho "instinto paterno". Não sinto necessidade por cuidar dos outros integralmente, já sou enfermeiro, isso basta.

05- Caso eu me casasse e divorciasse seria obrigado a pagar pensão e ainda teria que me encontrar periodicamente com minha ex-esposa e não gosto de manter contato com ex-companheiras.

06- Corro um risco de ser um péssimo pai bastante ausente e sem paciência. Para cuidar da criança eu me tornaria meu próprio inimigo e a criança poderia me detestar.

07- Caso eu quisesse ser pai escolheria uma mulher pelos genes pois o interesse seria o filho como discípulo, isso poderia ser cansativo e caro, optei por não ter filhos.

08- Caso eu tivesse um filho incapacitado por uma doença grave e incurável eu teria ainda mais dificuldades em administrar os setores da minha vida.

09- Não preciso de herdeiro sanguíneo, já escolhi uma instituição filosófico-cultural que herdará meu acervo pessoal, direitos autorais sobre obras produzidas, casas, carros etc.

10- Filhos peraltas podem destruir objetos valiosos de meu acervo, tornando estudos e pesquisas de décadas em cinzas. Filhos não são um investimento, são despesas perigosas.

MOTIVOS COLETIVOS:

01- O mundo está lotado e a degradação ambiental é intensa, os recursos mundiais estão cada vez mais raros assim como a qualidade dos mesmos decai.

02- O mercado de trabalho fica cada vez mais fechado para as pessoas, não quero que meu filho seja um profissional qualificado que está desempregado ou mal empregado.

03- A estrutura necessária para criar filhos é cada vez pior, então não podemos contar com a educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e outros parâmetros.

04- Existe um número imenso de crianças carentes precisando de adoção.

05- A tendência do mundo é piorar mais e mais, isso torna a criação difícil e incerta.

Com esses motivos tracei bem os meus planos de vida, calculei meus passos e sei o que faço pois sou adulto para saber que não sirvo para ser pai. Não sou contra quem quer ter filhos, apenas esse texto mostra minha mentalidade sobre o tema com argumentos sólidos para essa decisão severa. Sou consciente dessa escolha desde os meus 16 anos, agora resta realizar minha vasectomia aos meus 26 anos nesse ano de 2010 e fazer exames para constatar que estarei infértil, isso me deixará mais tranquilo.

- Hector Hertz.

Junho/2010.

Hector Hertz
Enviado por Hector Hertz em 14/01/2012
Reeditado em 29/11/2013
Código do texto: T3440291
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