ENQUANTO MINHA GUITARRA CHORA SUAVEMENTE
Enquanto minha guitarra chora suavemente... Fico a pincelar em meus pensamentos, quadros de um mundo melhor. Pincelo um Haiti sem guetos, sem plateias para assistir os haitianos matar a sede em esgotos, matar a fome no lixo! Pincelo também, haitianos correndo atrás de uma bola, correndo de bicicleta, sentados nas calçadas em fim de tarde, para ver o sol se pôr e não para mostrar ao mundo sua dor, causada pela pobreza e insanidade de loucos que estão na cúpula de algum cargo publico, com suas batutas, regendo o ritmo das vidas no mundo! Alguns podem até dizer: São fatalidades, é um país onde os fenômenos da natureza são frequentes; em alguns momentos sim, mas antes dos terremotos, tempestades e outros fenômenos da natureza, vêm o mais cruel - o do próprio homem!
Enquanto minha guitarra chora suavemente... Fico a pincelar uma África mais rica, mais rica?! Não! Menos explorada! Pois a África é um dos continentes mais ricos do mundo! Fico a brigar em minhas pinceladas entre o que é, e, o que poderia ser e, quem sabe um dia será...
Enquanto minha guitarra chora suavemente... Pincelo claro! Um Brasil melhor. Fico repincelando nosso descobrimento; retirando das prateleiras livros e conceitos ultrapassados, onde quem descobriu o Brasil foi Cabral, que somos um país subdesenvolvido, que o brasileiro é preguiçoso, que temos feriados demais, que tudo termina em pizza, que turismo no Brasil é mulher brasileira boa na cama, sombra e água fresca! Que o elegido é quem ganha e quem elege perde, não manda nada! Só fica a ver a banda passar! Que, ter plano de saúde é desenvolvimento, e estatisticamente um povo mais rico!
CHORANDO COM MINHA GUITARRA: Quando a proporção de pessoas de uma cidade a ter plano de saúde é maior do que os que não o têm, só significa que a saúde pública está falida! Isso não é enriquecimento, mas sim, falecimento da saúde pública!
Que os alunos chegarem ao 5º, 6º. , 7º. Do ensino fundamental analfabeto é normal! CHORANDO COM MINHA GUITARRA: Quando adolescentes chegam ao ensino fundamental analfabeto isso é legitimar a incapacidade de todos; dos governantes, das escolas, dos professores, dos pais e do próprio aluno -vitima desse sistema educacional, onde a escola não é para o aluno, mas sim, o aluno é que tem que se adaptar a escola- ficando assim, em meio a uma queda de braço onde ninguém assume as responsabilidades; a não ver nada, a não ser sua própria incapacidade de compreender o mundo letrado! E, isso não é educar, não é formar cidadãos pensantes, é formar curral de eleitores para serem marcados (pelo ferro do poder) e amarrados (pelo cabresto da ignorância).
Enquanto minha guitarra chora suavemente... Eu vou pincelando um mundo melhor; indo às urnas e votando no menos ruim; dizendo não a uma saúde falida, a uma educação de cabresto, a um sistema voraz! A uma sociedade hipócrita!
Edna Maria Pessoa
Natal, 12 de janeiro de 2012