MEU QUARTO
Andei trocando os móveis de lugar.
Não posso mais conviver com eles ocupando tanto espaço no meu quarto.
Uns em bom estado, que retirarei por conta própria, e outros que criam pernas e se deslocam sozinhos para fora dele, já caem aos pedaços.
Me apeguei a cada centímetro deles, desde a minha escrivaninha branca até os mínimos detalhes do quadro de flores que enfeita a parede.
Muitos ainda ficarão, porque também não dá para dormir ou viver com um quarto vazio, com o guarda-roupas nu, sem os itens necessários para a minha sobrevivência.
Mas não é apenas o meu quarto.
É a minha vida inteira...
As pessoas que por muito tempo fizeram parte da minha vida se vão.
E não são coisas nem objetos com validade ou tempo de uso saturáveis.
Nada a ser usado.
O que fazer quando certas coisas em nossas vidas mudam de lugar?
Por que é tão cruel se desapegar de circunstâncias cotidianas, dos objetos... das pessoas?
Por que?
A cada etapa da vida, a cada nova fase uma nova face se personaliza.
A saudade bate, quase destrói!
As lembranças se fixam melhor, se impregnam... Para sobreviver!
Quando você passou do colegial para o ensino superior foi assim.
Quando você saiu da casa dos pais foi exatamente igual.
Quando você deixou de ser solteira e se casou também foi.
Fases e faces.
Como os novos móveis do meu quarto...
Me adaptarei apenas!