MEU QUARTO

Andei trocando os móveis de lugar.

Não posso mais conviver com eles ocupando tanto espaço no meu quarto.

Uns em bom estado, que retirarei por conta própria, e outros que criam pernas e se deslocam sozinhos para fora dele, já caem aos pedaços.

Me apeguei a cada centímetro deles, desde a minha escrivaninha branca até os mínimos detalhes do quadro de flores que enfeita a parede.

Muitos ainda ficarão, porque também não dá para dormir ou viver com um quarto vazio, com o guarda-roupas nu, sem os itens necessários para a minha sobrevivência.

Mas não é apenas o meu quarto.

É a minha vida inteira...

As pessoas que por muito tempo fizeram parte da minha vida se vão.

E não são coisas nem objetos com validade ou tempo de uso saturáveis.

Nada a ser usado.

O que fazer quando certas coisas em nossas vidas mudam de lugar?

Por que é tão cruel se desapegar de circunstâncias cotidianas, dos objetos... das pessoas?

Por que?

A cada etapa da vida, a cada nova fase uma nova face se personaliza.

A saudade bate, quase destrói!

As lembranças se fixam melhor, se impregnam... Para sobreviver!

Quando você passou do colegial para o ensino superior foi assim.

Quando você saiu da casa dos pais foi exatamente igual.

Quando você deixou de ser solteira e se casou também foi.

Fases e faces.

Como os novos móveis do meu quarto...

Me adaptarei apenas!

Adrianas
Enviado por Adrianas em 11/01/2012
Reeditado em 11/01/2012
Código do texto: T3434671
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.