Nihill, Nulla, Always
Nihill
Nulla
Always
Eu aqui, nessa cama espúria, deitada sobre a vértebra colossal da minha inação, a mesma que me faz inapta, que me faz débil criatura presa nesse corpo frágil fraudado de auto-suficiente
Always
Nulla
Nihill
Enquanto os pensamentos, esses sim, são vorazes, atrozes e velozes que entanto eu, nessa minha torpe debilidade tento alcançá-los e prendê-los aqui, como pipas amarradas a rotas linhas, nessas brancas páginas que assustadoramente me encaram, desafiadoras
De que vale o pensamento? De que vale a droga do ser? Se fadados estamos ao estranhamento e ao fim, por que não se adianta o maldito processo, dando imediato fim ao que nos consome?
Simples conclusão essa: covardia.
Eu, o mais torpe dos seres humanos, que evacua e urina, e cospe sangue dos meus podres dentes todo santo dia, que fim terei eu além de inevitavelmente ter que me entregar ao nada?
Por que nos enganaram a cada dia de nossa infância com livrinhos mágicos? A cada dia de nossa adolescência com essas musiquinhas babacas? Com romances que se é obrigado a ler na escola? Por que nos disseram como nos dizem sempre, trabalhe mais um pouco, ganhe mais dinheiro que você será mais feliz? Quem disse que dinheiro ajeita alguma coisa, além de eu poder descansar esses meus podres ossos em lençóis de linho?
Será que um novo romance de verão dá jeito? Será que o Carnaval, com toda sua beberragem e prevaricação dá jeito? Será que existe jeito pro que está fadado a findar da forma mais torpe, babenta e senil possível?
Porque tudo isso é temporário. Porque tudo isso é o nada travestido de alguma coisa. Que dentro em pouco volta a sua condição original. Espero que o mais breve possível.