Apelo aos poetas
poesia no papel é letra morta.
Fede, cheira a mofo.
Poesia no papel é lixo,
escória apodrecida.
Poesia deve estar nas gargantas,
no sopro da moça,
dançar na música dos homens,
nos gritos e lamentos,
nos pulmões.
Habitat de poesia não é papel,
mas coração e na canção,
no samba, no rock no baião.
Nas igrejas, nos bordeis,
nas prensas dos jornais.
Deve voar,
no sangue e no suor,
nas guerras e paixões.
Poesia no papel é covardia,
um gemido sem som,
pequena prisão.