ANTROPOFAGIA
VIVO ME PERGUNTANDO POR QUE A VIDA TEIMA EM BAILAR COMIGO NA SUA SINUOSIDADE GEOGRÁFICA.
NÃO ENTENDO DE FATO, CERTOS USOS E COSTUMES, TALVEZ POR SER BICHO DA SELVA, A JAULA NÃO ME AGRADA.
TENTO SER GENTIL E COMPREENDER, PORQUE TANTOS BICHOS AQUI PERMANECEM MESMO QUE O TRATADOR TENHA ARREGANHADO AS PORTAS. AOS INVES DE GANHAR MILHAS À FRENTE, PERMANECEM ENTRANDO E SAINDO DAS JAULAS VIZINHAS.
DAÍ ME DESCOBRI AQUI UMA CAMALEOA, SENTADA NO GALHO E MIMETIZADA, A OBSERVAR... NÃO OFERECENDO O PERIGO DAS COBRAS, MAS, COM O PODER DE PERMANECER DE BOCA FECHADA.
ESSA JAULA CADA VEZ QUE PERCORRO ELA, CHEIRA A MORBIDADE, COISA ESTRANHA...
AQUI OS BICHOS NÃO SE BANHAM NOS RIACHOS, NÃO SUGAM O NÉCTAR DAS FLORES, APESAR DE TÃO PRÓXIMO ESTAREM... AQUI SÓ É PERMITIDO PRANTEAR.
PRANTEAM SOBRE AS CARÇAÇAS MUITAS VEZES JÁ DECOMPOSTAS, PARA EM SEGUIDA, DELAS SE ALIMENTAR.
ALIMENTAM-SE DELAS, PORQUE ACREDITAM QUE LÁ FORA NÃO HÁ DO QUE SE ALIMENTAR E ASSIM, CONTINUAM ESPERANDO O TRATADOR.
ELES AINDA NÃO PERCEBERAM QUE ESTÃO SOLTOS NA SELVA E QUE SUAS GAIOLAS FORAM ABANDONADAS PELO CIRCO.
E COMO EU DA SELVA VENHO, APENAS ASSISTO ESTE TRISTE ESPETÁCULO, DE FATO, ME PARECE UM MUMURANTE E ÚLTIMO ATO.