Última semana do ano

Foi uma semana toda cinza e úmida, céu nublado e chuva lenta. Talvez por isso diariamente a nostalgia de todas as escolhas que já fiz vinha melindrar-me. Também a solidão, o deslocamento de mim, um agudo vazio. Daí que é muito para o mero poder dos dias cinzas; mesmo para o natal, final de ano, para a ansiedade corriqueira frente meus vinte e tantos anos idos, ainda são muitos os efeitos, e tão antigos!, para tão levianas causas.

Há algo que implantou-se em mim. Antes corpo estranho, agora corpo meu. Sei que nem sempre esteve lá; lembro de quando isso não me mastigava. Porém me escapa por completo o momento em que essa suscetibilidade em mim impregnou-se. Agora isso sou eu tanto quanto todo o resto. Chego então ao ponto que não posso mudar isso, senão apenas, mas como?, revolucionar-me por completo.