INCOMPETÊNCIA

Qual a coisa mais frágil que existe?

Qual o ente mais triste que respira?

Qual a vida mais pobre que rasteja?

Qual o sonho mais louco que delira?

Tudo isso, meu amigo, se queres mesmo saber... Sou eu!

Não quero tua solidariedade, pois não mereço! Nada quero de ninguém. Nem mesmo atenção! Não me dêem atenção! Isso pode ser contagioso e se continuares a ler e se seu coração acelera e lágrimas quiserem rolar por seu rosto, é mau presságio. Passe essa página, feche esse livro e reze para o seu anjo da guarda lhe proteger.

Fui vítima do amor. Eu que tanto o defendia e comigo morava na mais completa harmonia, que mal me causou!

Deixei ele crescer tanto dentro de mim que ocupava cada célula do meu corpo. Preenchia meus vasos sangüíneos e expandia meus pulmões. Sentia que a própria vida era cheia do amor que de mim transbordava. Mas, que incompetente! Construí todo esse amor deixando-o guardado dentro da mulher amada. Pensava que poderia continuar sentindo o mundo, nas dimensões mais diversas, com toda essa beleza de amor que construí. Mas fui derrotado... A mulher tão adorada deixou-se ser profanada, destruir a essência e transformar todo amor que era depositária em dor e sofrimento.

Não, não posso deixá-lo ler esse pensamento. Seria perverso de minha parte mostrar que minha incompetência pode levar a alguém imaginar que amar pode ser perigoso.

É perigoso.

Perigoso para os incompetentes!

(produzido em 19-04-02)

Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 29/12/2011
Código do texto: T3411924
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