A VOZ DO SILÊNCIO

Não devemos lamentar as coisas que perdemos ou mesmo as que não pudemos ter. Devemos lamentar as que não soubemos compartilhar: um sorriso, um abraço, um ombro, uma palavra de conforto, um ouvido ou, até mesmo, um silêncio. Sim, porque muitas das vezes, o silêncio é a palavra mais sábia, o ouvido mais aguçado, o ombro mais acolhedor. Saber ouvi-lo, mais do que concentração, exige-se certa “reclusão”, ou, voltar-se para dentro, ouvir-se. O silêncio prenuncia certo “apartamento”, desligamento com o exterior e tudo que o envolve, para sentir-se envolvido. Não se trata daquele desligamento que intenciona certa conexão com o universo, o cosmos. Trata-se do desligamento do voltar-se para si. É esse silêncio que considero imperioso para que possamos estar preparados para saber ouvir. Então, de volta ao começo: não devemos lamentar as coisas que perdemos ou que não pudemos ter, devemos lamentar as que não soubemos compartilhar, e também, o que não aprendemos a ouvir.