A MORTE NÃO PREGA SUSTOS
A morte não prega sustos: seduz. Ela, sensual, apresenta-se de decote muito baixo, hipnotizando os olhos da vítima. Mesmo quando raia de repente, jamais estupra. Mais observa, sequiosa, toda aquela violência garbosa, sem quaisquer medos ou culpas. A morte não toma parte em desembrulhar assassínios e acidentes medonhos. Não. Ela sabe respeitar a luz da vida até o seu derradeiro instante – viver é e será, sempre, a parte mais dolorosa, mais prazerosa – ela, o oposto; o balsâmico repouso.