AOS ATEUS
Não fui teu companheiro
Quando fazias o mundo.
Desconheço a extensão
Dos multiuniversos.
Não sei pela Física responder
Quem primeiro fez girar os astros:
Cada um em sua órbita.
Mas pela fé vejo tuas mãos.
Não tenho vida, nem a enésima geração
Conseguirá conhecer toda a criação.
Até hoje o que sabemos?
Como somos limitados!
Ora, se ninguém desceu à região abissal,
Quanto mais chegar ao mais distante planeta.
Quem já estudou o sol pisando em seu solo,
E assim explicar a origem de sua luz.
Quem poderá criar nuvens no deserto,
Ou evacuá-las para dissipar a tempestade.
Estudamos e entendemos,
Mas não criamos nada igual.
No cérebro mora a inteligência,
Que é capaz de compreender as obras do Criador
Mas ela mesma não se compreende inteiramente.
Para saber a hora do parto é preciso acompanhar cada fase,
Tudo que sabemos nos chegou com muito esforço.
Quem já perfurou a Terra de um lado a outro?
O homem deveria se convencer que a plenitude
Do conhecimento é impossível.
A criação é infinita e seu domínio inalcançável.
Por isso, eu me calo diante dela.
Percebo minha pequenez.
Se não tenho respostas para o que vejo,
Como poderia refutar a Criação?
Por acaso sou capaz de criar um planeta
E erguê-lo no espaço?
Só sei estudar e entender.
Sem ajuda, não consigo nem amarrar um toro brabo.
O orgulho impede o homem de assim averiguar.
No vaso talvez reflita melhor sobre sua insignificância.
Sozinho no deserto, sofrendo escassez, talvez se encontre.
E no último suspiro, perceba sua impotência.
Obs.: baseado no livro de Jó.