Não Precisa de Título
Eu queria fazer alguma coisa grande, que enlevasse minh'alma a outro nível e pudesse ser de alguma utilidade para pessoas que eu nem conheço. Eu sento aqui e fico vendo as pessoas indo e vindo e todas parecem felizes, mesmo voltando de um dia de trabalho cansativo e eu não sinto nada além de tédio e um pouco de raiva dessa minha acuidade sensorial aguçada. Por que ela não pode me encher os bolsos de dinheiro? Isso pode ajudar o tédio ir embora. Queria ter um pouco de dipsomania para afugentar essa realidade. As pessoas passam e fingem que eu não existo, enquanto eu, em apenas alguns segundos, já a despi inteira, tanto externa quanto internamente. Com suposições. Acho que elas aparentam serem felizes e plenas porque não reparam nos outros, apenas andam com seus sorrisos e com sua aura; coisas que parecem ser (ou "serem"? - é isso que dá quando um incompetente analfabeto tenta escrever) inacessíveis para mim.
Os caras quase se esfaqueiam ao meu lado e eu não esboço nenhuma reação. Estou gélido.
Os caras discutem de forma fervorosa quem deve ou não ganhar as eleições presidenciais e eu não dou a mínima, pois sou gélido.
Aquela morena torta de maravilhosamente gostosa pára na minha NA MINHA frente e eu olho pro cachorro do mendigo.
Estou gélido.
Mas olho o visor do celular a cada dois minutos esperando algo que eu sabia que não ia acontecer mas mesmo assim tentei FAZER acontecer.
São muitos compromissos, são muitas neuras, são muitos desencontros, são muitas vontades, são muitas desvantagens, são muitos hormônios, são muitos sentimentos, são muitas dúvidas, são muitas desilusões e são poucas as horas para uma pessoa suportar tudo isso todos os dias e conseguir manter a sanidade.
Eu sou muito fraco, compro outro livro por impulso e o devoro com paixão, como se ele me fizesse agarrar a vida pelos dentes e chacoalhá-la descontando tudo o que me põe pra baixo desta forma tão intensa.
A garota que tem o cabelo parecido com o meu me olha pelo canto do olho e vê confusão em mim. Se afasta. Olha novamente, nunca mais a verei. Olho o visor do celular, da mesma forma que olhei dois minutos atrás. Nada.
Ah, mas eu queria tanto! Eu odeio quando não consigo ser uma boa companhia pra mim mesmo. Eu estrago o meu próprio rolê. Só quero saber de chegar em casa e mandar dois comprimidos de calmante pra dentro e dormir por 2 anos no mínimo. Não é fácil. Sou um lixo humano, um dejeto ambulante, um emissário do caos e da desordem - principalmente pra mim mesmo.
E eu não sei o que fazer. Não mesmo.
Crianças, calem a boca e parem de manha, inferno!
Só quero paz, porra!
... Mas a borboleta pousou na minha mão. Stay Gold!
Hot Water Music - Ink and Lead
30/09/2010