Assim é a vida
Parei para observar a vida
Como quem abre a janela de manhã cedo
E espia no céu
Se há chuva por vir
Avistei a tempestade
Que não muito longe de mim
Já vinha engolindo sorrateira
As árvores secas do quintal
Saí correndo em direção a ela
Para apanhar as roupas no varal
Depressa voltei a casa
E fechei todas as janelas e portas
No fim da tarde
O barulho de chuva
Fez-se em gotas
Cada vez menos contínua
Cheguei da varanda
Folhas e galhos teciam no chão
Uma pintura abstrata
E comovente
Refiz o meu jardim
Com os galhos e folhas
Fiz fogueira para secar as roupas
E esquentar meu peito
Certa vez
Parei para pensar na vida
Como quem pensa
Que cada coisa tem seu tempo
Tempestades sempre hão de vir
Arrastando e destruindo
Mas é chegada a hora que o céu se abre
E a luz do sol ilumina e reconstrói
Assim é a vida