MARCAS DO TEMPO
A armadura se rompeu
Após uma fina chuva de verão.
O espelho se quebrou
Com apenas um estalar de dedos.
A certeza se perdeu
Num simples piscar de olhos.
O escudo rachou
Com um dar de ombros.
A dúvida foi esquecida
Com o raiar do sol.
O espinho secou
Numa manhã orvalhada.
A ruína do que se ergueu
Fez tremular o próprio temor.
E eu?
Apenas guardo na lembrança o que fui
Enquanto tento descobrir quem sou.
Só sei que detesto rimas e métricas.
E, embora recolha as cinzas do que restou
Sinto no ardor do tempo,
As cinzas ao vento, do tempo que se perdeu.
E as marcas de um amor que não ficou.