Educação e numerinhos.
Índices, metas, taxas, fluxos, desempenho e produtividade! Quem dá mais? Só a bolsa de valores. Por esses critérios os nossos governos acreditam estar fazendo progresso. Acreditando que a resposta está nos numerinhos. SARESP, IDESP, SAEB, IDEB. E qual é o mais vantajoso? Bom, em se tratando de índices e taxas, ou seja, de numerinhos, quem sabe o NASDQ, a BOVESPA ou a DOW JONES! Nada parece escapar das rédeas curtas dos numerinhos. Pois bem, mais um ano e a lógica é a mesma. As escolas estaduais, principalmente as do Estado de São Paulo, nas quais a tônica de equacionar tudo numa métrica única está imperando, tem feito da educação pública um laboratório sórdido de aplicação de políticas neoliberais. A educação tornou-se sinônimo de índices. A escola torna-se espaço da produtividade, não espaço de construção do pensamento e do debate. Toda reforma educacional feita até aqui, em verdade, busca com que o indivíduo desenvolva comportamentos e atitudes que o insiram no mercado sem, no entanto, fazer a crítica ao mercado. Adaptando-se simplesmente; Nunca se pensa em termos de superação do capitalismo, do sistema do capital, aliás, discussões essas consideradas anacrônicas por muitos “especialistas” da educação. É Bom que se diga que muitos desses especialistas sequer vivenciam o cotidiano escolar. O que há e sequer, em verdade, é um coquetel individual de potencial humano a ser desenvolvido, e a educação, como um todo, deve servir ao capital. Os alunos, que são tratados como clientela, devem ser rentáveis ao sistema produtivo e explorador da condição humana subjugada ao imperativo do ganhar dinheiro.
Entra ano, sai ano, e a história continua a mesma. Suponho que em um mundo onde a informação é tratada como mercadoria e estudantes como potenciais trabalhadores dispostos a incrementar o capital não irá muito longe. Um outro tipo de educação se faz necessária. Que no mínimo seja uma que proponha, em todos os sentidos, a superação do capitalismo. Conectada com a comunidade, com movimentos sociais, com o questionamento do que posto está. Em todos os sentidos, se preciso for, afrontar leis estéreis e retrógradas, bem como a repressão, que se faça! A educação urge por mudanças que a conjugue com a sociedade, porém com uma sociedade mais justa e solidária.