Moleque Astronauta
Quando eu era criança, era meio maluquinho. Queria revolucionar o mundo. Aí li Dom Quixote. Fiquei inebriado. Quando aquela bruxa chegou, montada numa vassoura e estacionou na minha massa cinzenta, endoideci de vez. Fui tomado de um desejo intenso de chutar a bruxa, tomar a vassoura e sair voando por aí. Tudo isso bem rápido e bem intenso, como qualquer moleque. Peguei a vassoura e saí.
Terminei vendo Júpiter de orelha a orelha, sem precisar de um chapéu de astronauta. A vassoura tinha tudo que eu precisava. Sancho havia ficado na Lua. É que a vassoura dele terminou pifando e necessitando de alguns reparos.
Quando eu era criança.
E sonhava, e imaginava, e partia de casa
sem ter rumo certo.
Nunca gostei de estudar tabuada:
pois não requeria de mim imaginação.
Nessas alturas do campeonato,
eu já era Lobato
indo a Plutão.