A Flor da Véia
A véia tinha uma flor
Botava pra tomar sol
Todo dia na mesma varanda
A véia olhava a quitanda
E mostrava a mesma flor
Naquela janela pequena
No dia que dona Moema
Resolveu lá aparecer
A véia começou a dizer
Que nunca tinha problema
Dona Moema encantada
Perguntou pra véia enrolada
Por que tanta sorte assim
A véia sorriu desdentada
Deixando uma ruga crescer
Na bochecha marrom enrugada
E disse que sem batom
Não podia ser mais bem falada
Rodava uma bolsa na mão
No tom da flor da bancada
Moema bem alienada
Tentava por fim compreender
O que a véia bem camarada
Fazia pra sobreviver
Moema ficou mais calada
Pensando em bem resolver
Sua mente atrapalhada
E finalmente entender.
Mas a véia só dava risada
Mostrando bem arreganhada
A flor que dizia crescer.
Seguiu Moema infeliz
Pois sabia que por um triz
A verdade não pôde espremer
Andou pela rua parada
Pensando no que fazer
Para que a véia safada
Pudesse afinal lhe dizer
Mas Moema tava errada
A véia era esperta demais
Revelar seu segredo jamais
Seria tarefa bem paga.
Foi embora a Moema
Levando aquele problema
Que nunca se resolveria
E a véia sozinha sorria
Mostrando a flor que serena
O seu maior segredo escondia.