Nossa Árvore
“Havia tanta ternura, tanto sentimento neles. O garoto a segurava com tanta delicadeza, mais seus olhos confessavam até o seu mais profundo desejo por ela. Observei-o a encostá-la nos galhos baixos da árvore, onde ele poderia sentir seu corpo. A escuridão da noite calada, e de poucos barulhos permitia a eles a adolescência de experimentar coisas novas.
A cada toque riam juntos, encantados um com o outro, às vezes encostavam suas cabeças e fechavam os olhos, o carinho através das mordiscadas na bochecha elevavam a alma da garota tão alta que seu interior poderia gritar, e até os mais desprovidos de audição poderiam entender: Ela o amava. E não negaria um toque que fosse dele.
Quando o vento frio os surpreendia, se viam encasulados, num abraço quente e apertado, a respiração úmida roçando os ouvidos do menino o fazia arrepiar, e por alguns minutos ceder aos encantos da menina que carregava uma certa doçura escondida dentro de si. As vezes com a voz entrecortada ela suplicava para que parasse, soava muito hesitante de seu pedido. Eles então voltavam a tagarelar, e as vezes o silêncio dava-lhes olhares tão sinceros, tão puro.
Poderiam ficar parados ali a noite toda, porque nenhum tempo era o suficiente.”
Era como se a árvore tivesse voz, sentia a superfície, por entre os dedos os cascos irregulares, era a nossa árvore, nossa história. Enxuguei a lágrima que escorria, era como se cada folha me alertasse: “Não precisa doer”.
Uma ultima pergunta me ocorreu: Será que você já tem outra árvore?