Precisar

Preciso de devaneios, aqueles mais insanos que me ocorriam quando possuía-me nos seus braços. Do selar de dois lábios, que expressavam-se em conjunto, sem precisar ao menos de uma palavra.

Preciso daquilo que os humanos chamam de amor, que nos escraviza docemente.

Quero ser, sentir-me viva, outra vez.

Incansável, irrevogável, é assim.

O sentimento parece me acolher, e me assegurar de que tudo na terra, ainda tem esperança, vida, bondade e paz. E no meio de tais utopias, percebo que estou errada. O amor não é o suficiente para o perdão, para estar junto, para suprir-nos de tudo. Mas de todas as certezas e incertezas, apenas sei que não erro em dizer que te amei; Talvez ame várias outras vezes, de diversas maneiras outros seres errantes. Mas você foi único, o primeiro, e este lugar nunca será substituído.

Por me amar demasiadamente, você prossegue, seguindo o ciclo vicioso que a vida e a sociedade lhe impõe, talvez sendo vitima da saudade, e buscando algo que não encontrarás em lugar algum.

Eu por te amar sem restrições, parei no tempo, esperando o sol me acariciar as bochechas, me esquentando em meio a essa chuva incessante, que cai do céu grafite e melancólico.

Por ser forte, finjo que não foi nada, que irá passar, que tudo é consertável. Seria, se não fosse as lembranças, essas que me fazem cócegas no estômago durante o dia, em diversas horas. Que me arrancam sorrisos nostálgicos.

Preciso que me lembrem que tudo acabou, e que você, já não lembra mais de como eramos felizes em nossas noites de pouco sentido.

Preciso amar novamente, confiar, sorrir e me conformar. E sei que o farei, porque... Preciso.

Gabrielle Vergatti
Enviado por Gabrielle Vergatti em 14/12/2011
Código do texto: T3389014
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